No dia 08 de Março comemoramos o dia Internacional da Mulher, instituído pela ONU em 1975. A escolha deste dia está relacionada com a greve das operárias russas em 1917, quando mais de 90 mil mulheres percorreram as ruas reivindicando melhores condições de trabalho e vida, ao mesmo tempo que se manifestavam contra as ações do Czar Nicolau II, lutando contra a fome durante a Primeira Guerra Mundial.
Apesar do ano de 1917 ter sido reconhecido como marco inicial para a escolha da data, diversos outros acontecimentos ao longo de nossa história marcaram a luta das mulheres por melhores condições de trabalho, melhores salários e qualidade de vida.
Nossa luta segue, incessante no início até os dias atuais e caminhando a passos largos, mas devemos reconhecer que a disparidade com o machismo enraizado na sociedade ainda é gritante.
Atualmente conquistamos espaços em cargos que não há muito atrás, eram ocupados exclusivamente por homens. Não se trata apenas de conquista sem mérito, mas de muita luta, demonstrações diárias da capacidade da mulher, força e sobretudo coragem para enfrentar as mais diversas retaliações hostis e desumanas impostas covardemente pela sociedade.
A luta pelos direitos humanos e dignidade da pessoa humana que são partes integrantes da luta feminina trarão a incontestável evolução do nosso país e nossa sociedade, mas os números ainda são extremamente vergonhosos com relação à desigualdade de gênero.
O Dia Internacional da Mulher não representa ainda um dia de comemoração, já que precisamos dessa data para refletir e desconstruir tudo o que aprendemos até hoje, narrativas, falas, pensamentos e atitudes desiguais para assim nos tornarmos a mudança que desejamos e espalhar a semente da dignidade mundo afora.
Quanto maior a desigualdade de gênero, quanto maior o machismo, pior a violência contra a mulher. Qual a solução para reduzir esses números? A educação é poder e é assim que devemos aprender e ensinar que o machismo estabelecido desde os primórdios mata e oprime.
Há mais de quinze anos, desde a criação da Lei Maria da Penha, a luta pelos direitos da Mulher avançou muito no Brasil, mas é necessário lembrar que sem políticas públicas eficazes para bem aplicá-la, a lei nunca funcionará.
Ainda há muito o que se fazer. No Brasil, o machismo da sociedade é bastante enraizado, e o posicionamento sexista de autoridades e advogados em relação às vítimas é extremamente preocupante, o que inviabiliza a aplicação correta e eficaz da lei. Para uma mulher se fortalecer, ela precisa se cercar de outras mulheres com o mesmo objetivo.
Portanto, se a mulher tem alcançado muitos direitos nos dias de hoje, o mérito é todo nosso e a nossa luta continua árdua e necessária, visto que o preconceito, desvalorização e desrespeito ainda estarão presentes na sociedade.
Lugar de mulher é onde ela quiser, da maneira que bem entender e em qualquer momento da sua vida.
A escolha é Nossa!
Dra. Josiane Cristina Silva
Vice-presidente OAB São Vicente