A sociedade brasileira vem enfrentando desafios significativos concernentes à violência, à criminalidade e conflitos interpessoais. Nesse contexto, as práticas restaurativas e a promoção de uma cultura de paz emergem como abordagens necessárias, válidas e desejáveis para lidar com tais questões.
Este texto aborda, sucintamente, a relação entre as práticas restaurativas e a cultura de paz com vistas à sua aplicação na sociedade brasileira.
Das Práticas Restaurativas
As práticas restaurativas podem ser definidas como um conjunto de métodos que visam à restauração das relações e a resolução de conflitos de modo colaborativo, não punitivo (sem apontar “culpados”). Elas promovem o diálogo, a empatia e a responsabilização, permitindo que indivíduos envolvidos em um conflito compreendam as consequências de suas ações e trabalhem juntos para alcançar soluções que satisfaçam todas as partes. Desse modo, tais práticas têm o potencial para restaurar os vínculos entre as pessoas perante uma comunidade em que vivam, de modo particular ou perante a sociedade como um todo, no geral.
Da Promoção da Cultura de Paz
A cultura da paz envolve a promoção de valores como a justiça, a tolerância, a igualdade e o respeito pelos direitos individuais e humanos. Assim, cultura de paz também tem o fitode prevenir conflitos, reduzir a violência e propiciar a construção de uma sociedade mais harmoniosa e inclusiva.
A cultura de paz é, pois, base sólida para a implementação das práticas restaurativas. Nesse sentido, entende-se como válida e necessária a sua busca e implementação por meio de políticas públicas, essas promovidas pelos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
No contexto internacional, A Cultura da Paz já é um objetivo perseguido pela ONU:
Cultura de paz, conforme definição da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1999, representa um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida de pessoas, grupos ou nações, baseados no respeito pleno à vida, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.
Envolve um modo de agir e de se posicionar, baseado na prática da não violência, por meio da educação, do diálogo e da cooperação. (https://www.ufrgs.br/das/cultura-da-paz)
Na Sociedade Brasileira
No contexto brasileiro, a implementação das práticas restaurativas e a promoção da cultura de paz podem auxiliar na diminuição ou mesmo resolução de questões urgentes. O Brasil enfrenta altas taxas de criminalidade e violência, tornando essas abordagens essenciais para lidar com conflitos em comunidades, escolas, sistema de justiça e prisões.
Nas escolas, por exemplo, as práticas restaurativas podem ser aplicadas para diminuir ou mesmo resolver conflitos entre estudantes, prevenir o bullying e melhorar o ambiente educacional. De igual modo, no judiciário, tais práticas podem proporcionar uma alternativa eficaz à punição tradicional, permitindo uma reabilitação real e consequente reintegração de infratores.
Ademais, a promoção da cultura de paz proporciona a abordagem a questões sociais complexas, como desigualdade, discriminação e exclusão social, que frequentemente são fatores que contribuem para a violência.
Encerrando, mas não concluindo
A implementação de práticas restaurativas e a promoção de uma cultura de paz representa um novo olhar, promissor, para a sociedade brasileira, na busca por soluções mais eficazes para a redução da violência e a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa. Com a adoção de abordagens que priorizem a comunicação, a reconciliação e a resolução colaborativa de conflitos, a sociedade brasileira pode vislumbrar um futuro certamente mais pacífico e equitativo. A mudança dos paradigmas atuais por aqueles que permitam a consecução das práticas restaurativas e da cultura de paz são uma necessidade que se impõe e que felizmente já estão sendo implementadas (ainda que lentamente) no Brasil e no mundo.
Texto por: Rodrigo Lopes Chaves França